quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Resenha:Porcupine Tree-The incident

Então chegamos a The incident, o mais recente álbum da banda. Este funciona como uma ótima síntese do que é (e foi) o Porcupine Tree. Bem diferente do que achava que seria o sucessor de Fear of a blank planet. Claro que as diversas facetas do som do PT são mais profundamente exploradas em álbuns mais antigos, mas aqui tudo funciona muito bem junto.

Dividido em dois discos, sendo que o primeiro conta com uma única música dividida em 14 faixas e o segundo possui mais 4 músicas independentes(pelo menos em conceito). Na verdade o primeiro disco pode ser escutado como várias músicas separadas, pois cada parte da música tem características próprias, mesmo tendo algumas bem interligadas.

O conceito do álbum vem do fato como a mídia trata os “incidentes”, sempre distante, mesmo que sejam catástrofes e crimes hediondos. Mas na verdade incidentes mudam vidas e a partir disso o SW começa a falar de incidentes de forma mais passional e conta diversas histórias reais e algumas de sua própria vida. Cada faixa trás diversos elementos distintos durante o álbum, fazendo-o funcionar mais como um álbum temático. Fala-se sobre a teoria da navalha de Occam (que diz que você deve acreditar naquilo que é mais lógico, não se apegar às presunções), sobre culto religioso, veneração (The Blind house) e também sobre trens (como de costume) e fantasmas (nostalgia).

The Occam’s razor abre o álbum de uma maneira diferente, mas é só um aperitivo para The Blind house, que trás a banda bem no estilo Blackest eyes (riffs pesados, passagens acústicas,...) e uma linguagem musical a qual estamos habituados. A partir daí já estava empolgado com a audição, então seguem duas pequenas faixas bastante interligadas, Great expectations e Kneel and disconnect, ambas com bases melancólicas (que o Steven Wilson vem usando bastante) e no fim da última uma passagem muito boa de piano, já introduzindo a próxima faixa. Drawing the line começa no mesmo clima das anteriores até chegar o refrão que é bem “açucarado”, com acordes maiores e uma guitarra criando uma sensação de loucura (no bom sentido) sensacional, algo que há muito tempo o SW não faz.

O álbum passa por the incident, que traz passagens eletrônicas e psicodélicas. Destaque para o tecladista Richard Barbieri, bastante concentrado nas harmonias (aliás, durante todo o álbum). Your unpleasant family e The yellow windows of the evening train é uma ótima passagem e funciona como um intervalo.

Chegamos a Time flies, uma canção que já tem cara de clássico. Começando acústica e conquistando o ouvinte aos poucos, seguido por um trecho bastante floydiano (lembra “Dogs” do álbum “Animals” do Pink Floyd) com um solo como nunca mais o SW fez. É inclusive uma canção bem pessoal para o SW, já que fala da sensação da passagem do tempo e do próprio crescimento do Wilson (e os incidentes que o acompanharam), daí a referencia ao Floyd, que o SW cresceu ouvindo. A música é ótima, todos os músicos estão em ótima forma, Gavin Harrison e suas ilusões rítmicas, um fill de baixo legal do Colin Edwin.

Octane twisted, The seance e Circle of manias também são músicas bem interligadas e são possivelmente as melhores faixas do disco, indo do melancólico (ótimas linhas vocais) ao Heavy metal. Destaque para a mixagem, mostrando como o Steven Wilson é bom nisso (escutem Circle of manias e percebam, o timbre da guitarra do SW está fenomenal).

I drive the hearse fecha o primeiro disco de forma magistral. É uma música linda. Ponto

As 4 faixas restantes presentes no segundo disco também se revelam bem fortes, talvez por isso tenham incluído no álbum e não lançaram num EP (como “Nil recurring”). As músicas são Flicker,Bonnie, the cat (com uma base Baixo/Bateria maluca), Black Dahlia eRemember me lover(excelente).

The incident é um álbum excelente, que define muito bem o PT. Não traz inovações musicais e se concentra em músicas e conceitos mais intimistas. Um dos melhores lançamentos do ano.